terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Poesia Tola e Mortífera

Há algo estranho em mim, em meu sangue, há algo de errado. E é melhor terminar de uma vez, escorrendo, se sempre será assim e eu nunca terei uma namorada. Por que eu nunca a terei para mim, eu nunca a terei ao meu lado; mais fácil um rico entrar no reino do céu do que eu ter um sorriso da Gabriela; mais fácil um camelo passar por uma agulha, como um fio fino, do que algum dia eu receber algum olhar, algum simples sinal daquela menina.
Ninguém é igual a mim, estou sozinho, sou esquisito. Então, como posso querer a melhor menina da escola, a mais foda, a mais bonita? Ninguém é igual a ela, amiga de todos, mas nem fala comigo. E todos que vejo na televisão, todos que andam na contramão - as desvairadas, as desviadas -, nenhuma é feminina como ela, nem como eu, então como poderia tê-la como algo mais que uma amiga?
Há algo errado em mim, eu sei, e para viver como HT seria melhor viver castrado. Não poderia esconder para sempre, eu não seria capaz. O que eu não revelaria a ela se revelaria um dia, numa escura esquina, nos braços de outra garota. Se esse amor condena poetas famosos - que nem ousam dizer seu nome -, como eu, "que não sou ninguém", poderia ser livre para amar uma mulher?
O que há de errado em mim agora escorre ao esgoto. Como esta carta na privada, que eu nunca teria coragem de mandar a uma garota. Que terminaria de outra forma, que teria a rima que se perdeu se eu pudesse trocar o gênero dela, ela que eu amo, uma colega de classe minha...
Então...
Há algo estranho em mim, em meu sangue, há algo de errado. E é melhor terminar de uma vez, escorrendo, se sempre será assim e eu nunca terei um namorado. Por que eu nunca o terei para mim, eu nunca o terei ao meu lado; mais fácil um rico entrar no reino do céu do que eu ter um sorriso do Gabriel; mais fácil um camelo passar por uma agulha, como um fio fino, do que algum dia eu receber algum olhar, um mero olhar, algum simples sinal daquele menino.
Ninguém é igual a mim, estou sozinho, sou esquisito. Então, como posso querer o melhor menino da escola, o mais foda, o mais bonito? Ninguém é igual a ele, amigo de todos, mas nem fala comigo. E todos que vejo na televisão, todos que andam na contramão - os desvairados, os desviados-, nenhum é masculino como ele, nem como eu, então como poderia tê-lo como mais que um amigo?
Há algo errado em mim, eu sei, e para viver como um gay seria melhor viver castrado. Não poderia esconder para sempre, eu não seria capaz. O que eu não revelaria a ele se revelaria um dia, numa escura esquina, nos braços de outro rapaz. Se esse amor condena poetas famosos - que nem ousam dizer seu nome -, como eu, "que não sou ninguém", poderia ser livre para amar um homem?
O que há de errado em mim agora escorre ao esgoto. Como esta carta na privada, que eu nunca teria coragem de mandar a um garoto. Que terminaria de outra forma, que teria a rima que se perdeu se eu pudesse trocar o gênero dele, ele que eu amo, um colega de classe meu.
- Santiago Nazarian, publicado originalmente na Junior #05

Um comentário:

Anônimo disse...

arrasou....linduuuu.....